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Supressão de intervalo: Como transformar almoços perdidos em 1 hora extra diária paga

Equipe Trabalho Justo

23 de abril de 2025

8 min de leitura


Você trabalha sem parar, "engole" o almoço ou nem consegue fazer intervalo? Cada minuto de intervalo suprimido deve ser pago como hora extra com 50% de adicional. Se você perde 1 hora de almoço por dia, pode estar perdendo mais de R$ 500 por mês em direitos trabalhistas.

O que é o intervalo intrajornada e por que é obrigatório

O intervalo intrajornada (almoço) é um direito fundamental para descanso e alimentação. Não é "favor" da empresa - é obrigação legal que visa proteger a saúde e segurança do trabalhador.

Regras do intervalo por jornada:

Jornada até 4 horas:

  • Não há intervalo obrigatório
  • Empresa pode conceder voluntariamente

Jornada de 4 a 6 horas:

  • 15 minutos obrigatórios
  • Não pode ser suprimido
  • Deve ser concedido no meio da jornada

Jornada superior a 6 horas:

  • Mínimo 1 hora e máximo 2 horas
  • Não pode ser inferior a 1 hora
  • Deve ser concedido entre a 4ª e 6ª hora

Base legal do intervalo:

  • Artigo 71 da CLT
  • Súmula 437 do TST
  • NR-17 (Ergonomia)
  • Constituição Federal (proteção à saúde)

Quando a supressão gera direito a horas extras

Situações que configuram supressão:

1. Intervalo totalmente suprimido:

  • Não faz intervalo algum
  • Trabalha direto 8 horas
  • "Engole" lanche rápido no posto

2. Intervalo parcialmente suprimido:

  • Faz apenas 30 minutos em vez de 1 hora
  • Interrompe intervalo para trabalhar
  • Volta antes do tempo mínimo

3. Intervalo irregular:

  • Horário varia constantemente
  • Não consegue se alimentar adequadamente
  • Trabalha durante o intervalo

Consequência legal da supressão:

Todo o período do intervalo (mesmo que parcialmente suprimido) deve ser pago como hora extra com 50% de adicional.

Calculando seu prejuízo com supressão de intervalo

Fórmula para calcular valores devidos:

Exemplo prático:

  • Salário: R$ 3.500 (220h mensais)
  • Valor da hora: R$ 15,91
  • Intervalo suprimido: 1 hora por dia
  • Dias trabalhados: 22 por mês

Cálculo do prejuízo:

  1. Valor da hora extra (50%): R$ 15,91 + 50% = R$ 23,86
  2. Horas extras mensais: 22 dias × 1h = 22h
  3. Valor mensal perdido: 22h × R$ 23,86 = R$ 525,02
  4. Reflexos (13º, férias, FGTS): R$ 525,02 × 40% = R$ 210,01

Total mensal perdido: R$ 735,03 Total anual: R$ 8.820,36

Calculadora rápida de supressão:

Para cada hora de intervalo suprimida diariamente:

  • Salário R$ 2.000: R$ 300/mês perdidos
  • Salário R$ 3.000: R$ 450/mês perdidos
  • Salário R$ 4.000: R$ 600/mês perdidos
  • Salário R$ 5.000: R$ 750/mês perdidos

Como comprovar supressão de intervalo

Evidências essenciais:

1. Registros de ponto:

  • Cartão sem marcação de intervalo
  • Ponto eletrônico com horários corridos
  • Planilhas de controle de jornada
  • Aplicativos de ponto sem intervalo

2. Documentos da empresa:

  • E-mails solicitando trabalho no horário de almoço
  • Ordens para não parar atividades
  • Escalas sem previsão de intervalo
  • Políticas internas sobre intervalos

3. Evidências do trabalho contínuo:

  • Atendimentos realizados no horário de almoço
  • Vendas efetuadas durante intervalo
  • Relatórios de atividades sem pausa
  • Sistemas que mostram trabalho contínuo

4. Testemunhas:

  • Colegas que presenciam trabalho no intervalo
  • Clientes atendidos no horário de almoço
  • Supervisores que exigem trabalho contínuo
  • Funcionários de outros setores

Como reunir provas discretamente:

Métodos seguros:

  1. Fotografe cartões de ponto
  2. Anote horários reais trabalhados
  3. Salve e-mails sobre trabalho no intervalo
  4. Documente atendimentos no almoço
  5. Identifique colegas na mesma situação

Casos especiais de supressão de intervalo

1. Intervalo "no posto de trabalho":

Situação: Funcionário fica "disponível" durante almoço Direito: Tempo disponível é tempo trabalhado Pagamento: Hora extra com 50% de adicional

2. Revezamento sem cobertura:

Situação: Não há substituto para cobrir intervalo Responsabilidade: Empresa deve organizar escala Consequência: Supressão gera hora extra

3. "Acordo" para não fazer intervalo:

Situação: Funcionário "concorda" em não parar Validade: Acordo é nulo por lei Direito: Horas extras devem ser pagas

4. Intervalo fracionado irregularmente:

Situação: Intervalo dividido em pequenos períodos Regra: Intervalo deve ser contínuo Consequência: Fracionamento irregular gera hora extra

Estratégias para recuperar horas de intervalo

1. Comunicação formal com empresa:

Carta de solicitação deve conter:

  • Descrição da supressão de intervalo
  • Base legal para pagamento
  • Cálculo dos valores devidos
  • Solicitação de regularização
  • Prazo de 30 dias para resposta

2. Documentação sistemática:

  • Registre diariamente supressões
  • Anote horários reais de trabalho
  • Fotografe evidências quando possível
  • Mantenha diário das irregularidades

3. Ação judicial trabalhista:

  • Alta probabilidade de sucesso
  • Perícia pode confirmar supressão
  • Pagamento retroativo com juros
  • Regularização para período futuro

Defesas comuns das empresas (e como rebatê-las)

1. "Funcionário pode fazer intervalo quando quiser"

Resposta: Empresa deve garantir intervalo efetivo Prova: Trabalho contínuo comprova supressão

2. "Há revezamento para intervalos"

Resposta: Revezamento deve ser efetivo Prova: Funcionário continua trabalhando

3. "Funcionário prefere não fazer intervalo"

Resposta: Direito é irrenunciável Lei: Acordo para suprimir é nulo

4. "Intervalo está marcado no ponto"

Resposta: Marcação não prova intervalo efetivo Prova: Atividades realizadas durante intervalo

Consequências da supressão para a saúde

Problemas causados pela falta de intervalo:

Físicos:

  • Fadiga excessiva
  • Problemas digestivos
  • Dores musculares
  • Estresse físico

Mentais:

  • Ansiedade e irritabilidade
  • Diminuição da concentração
  • Estresse psicológico
  • Burnout profissional

Responsabilidade da empresa:

  • Doenças ocupacionais por supressão
  • Indenização por danos à saúde
  • Afastamento pelo INSS
  • Responsabilidade civil e criminal

Prazos para reclamar supressão de intervalo

Durante o contrato:

  • Sem prazo para exigir pagamento
  • Empresa deve regularizar imediatamente
  • Valores retroativos de até 5 anos

Após rescisão:

  • 2 anos para entrar com ação
  • 5 anos de horas extras podem ser cobradas
  • Prescrição conta da rescisão

Urgência para agir:

  • Cada dia sem intervalo é prejuízo
  • Saúde pode ser prejudicada
  • Provas podem se perder

Valores reais recuperados em ações

Casos de sucesso recentes:

  • Caixa de banco: R$ 45.000 em 3 anos sem intervalo
  • Vendedor: R$ 32.000 em 2 anos + reflexos
  • Operador: R$ 67.000 em 4 anos de supressão
  • Atendente: R$ 28.000 em 18 meses + indenização

Fatores que aumentam o valor:

  • Tempo de supressão
  • Salário mais alto
  • Reflexos em verbas rescisórias
  • Danos à saúde comprovados

Prevenção: Como garantir seu intervalo

Atitudes para proteger seus direitos:

  1. Exija intervalo mínimo legal
  2. Documente qualquer supressão
  3. Comunique formalmente irregularidades
  4. Busque orientação jurídica

Sinais para ficar alerta:

  • Pressão para trabalhar no intervalo
  • Falta de substitutos
  • Cultura de trabalho contínuo
  • Metas impossíveis sem supressão

Impacto da regularização para outros funcionários

Efeitos coletivos:

  • Outros trabalhadores se beneficiam
  • Empresa deve reorganizar escalas
  • Cultura de respeito aos intervalos
  • Melhoria nas condições de trabalho

Mudanças obrigatórias:

  • Contratação de substitutos
  • Reorganização de processos
  • Treinamento de gestores
  • Políticas claras sobre intervalos

Seu plano de ação para recuperar intervalos

Semana 1 - Documentação:

  1. Identifique supressões de intervalo
  2. Registre horários reais trabalhados
  3. Calcule valores aproximados perdidos
  4. Reúna evidências da supressão

Semana 2 - Formalização:

  1. Prepare comunicação à empresa
  2. Solicite regularização dos intervalos
  3. Apresente cálculo dos valores devidos
  4. Estabeleça prazo para resposta

Semana 3 - Ação:

  1. Acompanhe resposta da empresa
  2. Avalie proposta de acordo
  3. Consulte advogado trabalhista
  4. Decida sobre ação judicial

Conclusão: Seu almoço vale dinheiro

O intervalo para almoço não é luxo - é direito fundamental. Cada minuto suprimido deve ser pago como hora extra. Se você trabalha sem parar, está perdendo dinheiro e prejudicando sua saúde.

Não trabalhe sem intervalo de graça. Documente as supressões, calcule seus prejuízos e cobre seus direitos. Seu almoço vale muito mais do que você imagina.


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