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Empresa paga por fora: Como legalizar e recuperar 8 anos de FGTS perdido

Equipe Trabalho Justo

03 de julho de 2025

12 min de leitura


Você trabalha há anos na mesma empresa, mas sua carteira de trabalho não reflete toda a realidade da sua relação de emprego? Se parte do seu salário é pago "por fora", sem registro na carteira, você está perdendo direitos fundamentais que podem valer milhares de reais. O pagamento por fora é uma prática ilegal que prejudica gravemente o trabalhador, especialmente quando falamos do FGTS, que pode acumular valores significativos ao longo dos anos.

Muitos trabalhadores brasileiros vivem essa situação sem saber que têm direito a regularizar sua situação e recuperar todo o FGTS que deveria ter sido depositado. Quando uma empresa paga parte do salário sem registro, ela está sonegando não apenas os depósitos do FGTS, mas também outros direitos como férias proporcionais, 13º salário e até mesmo a base de cálculo para uma eventual rescisão. A boa notícia é que a Justiça do Trabalho tem sido cada vez mais rigorosa com essas práticas, garantindo que o trabalhador possa recuperar até 8 anos de valores não depositados.

O que significa pagamento por fora e por que é prejudicial

O pagamento por fora acontece quando o empregador registra na carteira de trabalho apenas uma parte do salário real que você recebe, pagando o restante sem qualquer registro oficial. Por exemplo, se você recebe R$ 3.000 mensais, mas na carteira consta apenas R$ 1.500, os outros R$ 1.500 estão sendo pagos "por fora". Essa prática é extremamente prejudicial porque todos os seus direitos trabalhistas são calculados com base no valor registrado na carteira, não no que você realmente recebe.

O FGTS é um dos direitos mais afetados por essa irregularidade. O Fundo de Garantia corresponde a 8% do salário registrado em carteira, depositado mensalmente pelo empregador em uma conta vinculada ao seu nome. Quando parte do salário é paga por fora, o empregador deposita FGTS apenas sobre o valor registrado, fazendo com que você perca uma quantia considerável todos os meses. Ao longo de anos de trabalho, essa diferença pode representar dezenas de milhares de reais que deveriam estar na sua conta do FGTS.

Além do FGTS, o pagamento por fora também reduz o valor das suas férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno e qualquer outro benefício que seja calculado com base no salário. Na hora da rescisão, seja ela por justa causa, sem justa causa ou pedido de demissão, todos os valores serão calculados sobre o salário registrado, não sobre o que você realmente recebia. Isso significa que você pode perder milhares de reais em verbas rescisórias que são seu direito.

Como identificar se você está sendo prejudicado

Identificar se você está sendo vítima de pagamento por fora é mais simples do que muitos trabalhadores imaginam. O primeiro sinal é quando o valor que você recebe mensalmente é maior do que o registrado na sua carteira de trabalho ou no seu contracheque oficial. Se você recebe parte do salário em dinheiro, sem comprovante, ou se há uma diferença entre o que está documentado e o que chega na sua conta, você provavelmente está sendo prejudicado.

Outro indicativo importante é quando o empregador oferece um "acordo" para registrar apenas uma parte do salário, prometendo que isso será "melhor para os dois" ou que você "pagará menos imposto". Essa é uma estratégia comum dos empregadores para reduzir os custos trabalhistas, mas que prejudica gravemente o trabalhador. Lembre-se de que todos os seus direitos futuros dependem do valor registrado oficialmente, então aceitar essa proposta significa abrir mão de direitos fundamentais.

Você também pode suspeitar de irregularidades quando percebe que colegas de trabalho com funções similares têm salários registrados muito diferentes, ou quando a empresa insiste em pagar parte da remuneração como "ajuda de custo", "gratificação" ou outros nomes que não caracterizam salário. Todas essas práticas são formas de mascarar o pagamento por fora e reduzir os custos trabalhistas da empresa às suas custas.

Seus direitos legais e como a lei protege você

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é clara ao estabelecer que todo valor pago habitualmente ao trabalhador integra o salário para todos os efeitos legais. Isso significa que se você recebe regularmente uma quantia além do registrado na carteira, esse valor deve ser considerado parte do seu salário real. O artigo 457 da CLT determina que compõem o salário não só a importância fixa estipulada, mas também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.

A Súmula 91 do Tribunal Superior do Trabalho reforça essa proteção ao estabelecer que nenhuma parcela recebida com habitualidade pelo empregado pode ser considerada como não integrante do salário. Isso significa que mesmo que o empregador chame o pagamento extra de "ajuda de custo" ou "gratificação", se você recebe regularmente, esse valor integra seu salário para todos os efeitos. Consequentemente, o FGTS deve ser calculado sobre o salário real, não apenas sobre a parte registrada.

O Ministério Público do Trabalho tem intensificado as fiscalizações relacionadas ao pagamento por fora, considerando essa prática como uma forma de sonegação de direitos trabalhistas. As empresas flagradas nessa irregularidade podem ser obrigadas a regularizar imediatamente a situação de todos os empregados afetados, além de pagar multas pesadas. Para o trabalhador, isso representa uma oportunidade de ter seus direitos reconhecidos e receber tudo o que lhe é devido.

Passo a passo para legalizar sua situação

O primeiro passo para legalizar sua situação é reunir todas as provas possíveis do pagamento por fora. Isso inclui comprovantes de depósitos bancários, mensagens de texto ou WhatsApp onde o empregador menciona o pagamento extra, testemunhas que possam confirmar sua versão, e qualquer documento que comprove o valor real que você recebe. Quanto mais evidências você tiver, mais forte será seu caso na Justiça do Trabalho.

Procure conversar com colegas de trabalho que possam estar na mesma situação, pois casos coletivos têm mais força na Justiça. Se vários empregados da mesma empresa estão sendo prejudicados pelo pagamento por fora, isso caracteriza uma prática sistemática da empresa, o que pode resultar em punições mais severas e indenizações maiores. Mantenha sigilo sobre sua intenção de buscar seus direitos até estar com toda a documentação organizada.

O próximo passo é procurar um advogado trabalhista especializado ou buscar assistência no sindicato da sua categoria. Muitos sindicatos oferecem orientação jurídica gratuita para seus filiados e podem ajudar na negociação com a empresa antes de partir para uma ação judicial. Se a negociação não der resultado, será necessário ingressar com uma ação trabalhista para ter seus direitos reconhecidos e receber os valores devidos.

Durante todo o processo, continue trabalhando normalmente e evite confrontos diretos com o empregador sobre o assunto. A lei protege você contra retaliações, mas é importante manter a discrição até que sua situação esteja regularizada. Documente qualquer mudança no tratamento que você receber após buscar seus direitos, pois isso pode caracterizar perseguição e gerar direito a indenizações adicionais.

Como calcular o FGTS perdido e outros valores

Para calcular quanto você perdeu de FGTS devido ao pagamento por fora, você precisa primeiro determinar qual é seu salário real mensal. Some o valor registrado na carteira com tudo o que você recebe por fora regularmente. Sobre esse valor total, calcule 8% mensais, que é o percentual do FGTS. A diferença entre o que deveria ser depositado e o que realmente foi depositado representa seu prejuízo mensal.

Multiplique esse prejuízo mensal pelo número de meses que você trabalhou recebendo por fora, lembrando que você pode cobrar até 8 anos retroativos. Por exemplo, se você perdeu R$ 200 de FGTS por mês durante 5 anos, seu prejuízo total seria de R$ 12.000, sem contar a correção monetária e os juros que incidem sobre o FGTS. Esses valores adicionais podem aumentar significativamente o montante final que você tem direito a receber.

Além do FGTS, você também tem direito à diferença nas férias, 13º salário e outras verbas que foram calculadas sobre o salário menor registrado na carteira. Use nossa calculadora trabalhista gratuita para ter uma estimativa mais precisa de todos os valores que você pode recuperar. A ferramenta considera não apenas o FGTS, mas todos os direitos que são afetados pelo pagamento por fora.

Lembre-se de que sobre todos esses valores incidem correção monetária e juros, que podem representar um acréscimo considerável, especialmente se o período de irregularidade foi longo. A Justiça do Trabalho também pode determinar o pagamento de indenização por danos morais, reconhecendo que o pagamento por fora causa prejuízos que vão além do aspecto financeiro.

Proteções legais contra retaliações do empregador

A lei brasileira oferece proteções específicas contra retaliações quando o trabalhador busca seus direitos. O artigo 659 da CLT estabelece que é crime o empregador exercer qualquer tipo de coação sobre o empregado para que ele não busque seus direitos na Justiça. Isso inclui ameaças de demissão, mudança de função, redução de responsabilidades ou qualquer forma de perseguição no ambiente de trabalho.

Se você sofrer qualquer tipo de retaliação após buscar a regularização da sua situação, isso pode caracterizar dispensa discriminatória, que gera direito a indenizações específicas. A jurisprudência trabalhista tem reconhecido indenizações que variam de R$ 10.000 a R$ 50.000 em casos de perseguição comprovada. Além disso, se a retaliação resultar em demissão, você pode ter direito à reintegração no emprego ou a uma indenização substitutiva ainda maior.

O Ministério Público do Trabalho também atua na proteção de trabalhadores que denunciam irregularidades. Se você comunicar a situação ao MPT, eles podem instaurar um procedimento investigatório que protegerá você contra retaliações. A empresa que retaliar um trabalhador que denunciou irregularidades pode ser multada e obrigada a reparar os danos causados.

Mantenha sempre documentado qualquer mudança no seu tratamento no trabalho após buscar seus direitos. Grave conversas (onde permitido por lei), guarde mensagens, e procure testemunhas que possam confirmar qualquer perseguição. Essas provas serão fundamentais se você precisar comprovar retaliação na Justiça.

O papel da Justiça do Trabalho na proteção dos seus direitos

A Justiça do Trabalho brasileira tem jurisprudência consolidada sobre casos de pagamento por fora, sendo geralmente favorável ao trabalhador quando há provas suficientes da irregularidade. Os tribunais trabalhistas entendem que essa prática representa uma forma de sonegação de direitos e têm determinado não apenas o pagamento dos valores devidos, mas também indenizações por danos morais em muitos casos.

O processo trabalhista para casos de pagamento por fora costuma ser relativamente rápido, especialmente quando há documentação clara da irregularidade. A Justiça do Trabalho prioriza a proteção do trabalhador, que é considerado a parte mais fraca na relação de emprego. Isso significa que, em caso de dúvida sobre as provas, a decisão tende a favorecer o empregado.

Muitos casos são resolvidos através de acordos durante a audiência de conciliação, onde a empresa reconhece a irregularidade e se compromete a pagar os valores devidos sem a necessidade de um processo longo. Esses acordos são homologados pelo juiz e têm força de sentença, garantindo que você receba seus direitos de forma mais rápida.

Mesmo que sua empresa tente argumentar que o pagamento extra era uma "liberalidade" ou "gratificação espontânea", a Justiça do Trabalho analisa a habitualidade e a forma como o pagamento era feito. Se você recebia regularmente e contava com esse valor para seu sustento, a tendência é que seja reconhecido como parte do salário, independentemente do nome que a empresa dava.

Próximos passos para garantir seus direitos

Agora que você conhece seus direitos e entende como funciona a recuperação do FGTS perdido por pagamento por fora, é hora de agir. Não deixe que mais tempo passe, pois cada mês de demora representa mais prejuízo para você. Comece organizando toda a documentação que comprova o pagamento por fora e procure orientação jurídica especializada para avaliar seu caso específico.

Lembre-se de que você tem direito a recuperar até 8 anos de FGTS não depositado, além de todas as outras verbas que foram calculadas incorretamente. Esse valor pode representar uma quantia significativa que fará diferença na sua vida financeira. Use nossa calculadora trabalhista para ter uma estimativa inicial dos valores que você pode recuperar.

Não tenha medo de buscar seus direitos por receio de retaliações. A lei protege você e as penalidades para empresas que retaliam trabalhadores são severas. Além disso, muitas vezes a simples apresentação das provas é suficiente para que a empresa reconheça a irregularidade e faça um acordo, evitando um processo judicial mais longo.

Sua situação pode ser regularizada e você pode recuperar tudo o que lhe é devido. Milhares de trabalhadores brasileiros já conseguiram legalizar sua situação e receber os valores do FGTS que estavam perdidos. Não aceite continuar sendo prejudicado por uma prática ilegal que só beneficia o empregador às suas custas.

Perguntas Frequentes

Tire suas principais dúvidas sobre salário menor que o mínimo e seus direitos trabalhistas


Não, a lei brasileira protege expressamente o trabalhador contra retaliações quando ele busca seus direitos na Justiça. Se você for demitido após reivindicar a regularização do pagamento por fora, isso pode caracterizar dispensa discriminatória, que gera direito a indenizações específicas que podem chegar a dezenas de milhares de reais. O artigo 659 da CLT considera crime qualquer coação do empregador para impedir que o trabalhador busque seus direitos. Além disso, o Ministério Público do Trabalho atua na proteção de trabalhadores que denunciam irregularidades, podendo multar empresas que praticam retaliações.

Você pode cobrar até 8 anos de FGTS não depositado, contados retroativamente a partir do momento em que ingressar com a ação trabalhista. Esse prazo é estabelecido pela Constituição Federal e se aplica a todos os direitos trabalhistas. Por exemplo, se você trabalhou 10 anos recebendo por fora, poderá recuperar o FGTS dos últimos 8 anos, mesmo que a irregularidade tenha começado antes. É importante não deixar passar muito tempo, pois cada mês de demora representa mais prejuízo para você, já que o FGTS não depositado poderia estar rendendo juros e correção monetária na sua conta vinculada.

Embora seja possível ingressar com uma ação trabalhista sem advogado quando o valor da causa não excede 40 salários mínimos, é altamente recomendável ter assistência jurídica especializada em casos de pagamento por fora. Esses casos envolvem questões complexas de prova e cálculo, e um advogado experiente saberá como apresentar melhor seu caso e maximizar suas chances de sucesso. Muitos sindicatos oferecem assistência jurídica gratuita para seus filiados, e existem também advogados que trabalham com honorários de êxito, ou seja, só recebem se você ganhar a causa. O investimento em um bom advogado geralmente se paga com os valores recuperados.

Existem várias formas de comprovar o pagamento por fora mesmo sem recibos formais. Extratos bancários mostrando depósitos regulares além do salário registrado são uma prova muito forte. Mensagens de WhatsApp, e-mails ou gravações onde o empregador menciona o pagamento extra também são aceitas pela Justiça. Testemunhas, como colegas de trabalho que sabiam da situação, podem depor a seu favor. Até mesmo a diferença entre seu padrão de vida e o salário registrado pode ser considerada como indício. A Justiça do Trabalho analisa o conjunto de evidências, e mesmo provas indiretas podem ser suficientes para comprovar sua versão dos fatos.

Quando uma empresa é flagrada pagando por fora, ela pode enfrentar diversas penalidades. Além de ter que regularizar imediatamente a situação de todos os empregados afetados e pagar todos os valores devidos com correção e juros, a empresa pode ser multada pelo Ministério do Trabalho. As multas podem variar de R$ 3.000 a R$ 30.000 por empregado prejudicado. A empresa também pode ser incluída no "cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo", dependendo da gravidade da situação. Além disso, pode perder benefícios fiscais e ter dificuldades para participar de licitações públicas. Em casos mais graves, os responsáveis podem responder criminalmente por sonegação de contribuições previdenciárias.

Sim, quando há pagamento por fora, todos os direitos trabalhistas que são calculados com base no salário ficam prejudicados. Além do FGTS, você pode recuperar a diferença nas férias e no terço constitucional, no 13º salário, nas horas extras (que devem ser calculadas sobre o salário real), no adicional noturno, no adicional de insalubridade ou periculosidade, e em todas as verbas rescisórias. Se você já foi demitido, pode ter direito a recalcular todo o acerto trabalhista com base no salário real. A Justiça também pode determinar o pagamento de indenização por danos morais, reconhecendo que o pagamento por fora causa prejuízos que vão além do aspecto financeiro, afetando sua dignidade como trabalhador.

Sim, é possível e muitas vezes recomendável tentar um acordo extrajudicial antes de ingressar com uma ação trabalhista. Muitas empresas preferem resolver a situação amigavelmente para evitar os custos e a exposição de um processo judicial. Você pode procurar o setor de recursos humanos ou a direção da empresa para apresentar sua situação e propor uma regularização. O sindicato da sua categoria também pode mediar essa negociação. No entanto, é importante ter assessoria jurídica mesmo para fazer um acordo, pois você precisa ter certeza de que todos os seus direitos estão sendo contemplados e que os cálculos estão corretos. Qualquer acordo deve ser formalizado por escrito e, preferencialmente, homologado na Justiça do Trabalho para ter força executiva.

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