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Aviso prévio negado: Como transformar demissão irregular em 90 dias de salário garantido

Equipe Trabalho Justo

23 de junho de 2025

9 min de leitura


Existe um direito trabalhista que pode colocar até três meses de salário no seu bolso quando você é demitido, mas que a maioria dos trabalhadores brasileiros desconhece completamente ou conhece apenas parcialmente. Estamos falando do aviso prévio proporcional, um direito que pode chegar a noventa dias e que muitas empresas deliberadamente calculam errado para economizar milhares de reais às suas custas.

O mais revoltante é que muitas empresas conhecem perfeitamente essa regra, mas apostam na ignorância dos trabalhadores para pagar apenas os trinta dias básicos de aviso prévio, mesmo quando o funcionário tem direito a muito mais. É uma economia criminosa que pode representar a diferença entre receber três mil reais ou nove mil reais na sua rescisão, dependendo do seu tempo de serviço e salário.

A estratégia empresarial para roubar seu aviso prévio

Existe uma estratégia muito bem calculada que empresas desonestas utilizam para roubar sistematicamente o aviso prévio dos seus funcionários, e o mais perverso é que elas fazem isso contando com o desconhecimento da maioria dos trabalhadores sobre como funciona o cálculo correto desse direito fundamental. Essas empresas sabem exatamente quanto deveriam pagar, mas escolhem deliberadamente pagar menos.

A primeira tática é simplesmente ignorar o aviso prévio proporcional e pagar apenas os trinta dias básicos, independentemente do tempo de serviço do funcionário. Muitos trabalhadores que ficaram anos ou décadas na mesma empresa recebem apenas um mês de aviso prévio quando deveriam receber dois ou três meses. É um roubo que pode representar milhares de reais por rescisão.

A segunda tática é calcular o aviso prévio proporcional de forma incorreta, usando fórmulas erradas ou considerando apenas anos completos quando a lei permite considerar também os meses trabalhados. Algumas empresas também tentam aplicar o aviso prévio proporcional apenas para demissões sem justa causa, quando na verdade ele se aplica a várias situações diferentes.

A terceira tática é criar confusão sobre quando o aviso prévio deve ser trabalhado ou indenizado, forçando o trabalhador a trabalhar o período quando seria mais vantajoso receber indenizado, ou vice-versa. Essa manipulação permite que a empresa economize dinheiro enquanto prejudica os direitos do trabalhador.

Como funciona o aviso prévio proporcional que pode te dar 90 dias

O aviso prévio proporcional é um dos direitos trabalhistas mais valiosos e menos conhecidos pelos trabalhadores brasileiros. A regra é simples: além dos trinta dias básicos de aviso prévio, você tem direito a três dias adicionais para cada ano completo trabalhado na empresa, até o limite máximo de noventa dias. Isso significa que um trabalhador com vinte anos de serviço tem direito a três meses completos de aviso prévio.

O cálculo é direto: trinta dias mais três dias multiplicados pelo número de anos completos trabalhados. Se você trabalhou cinco anos, tem direito a quarenta e cinco dias de aviso prévio. Se trabalhou dez anos, tem direito a sessenta dias. Se trabalhou vinte anos ou mais, tem direito aos noventa dias máximos. Cada dia adicional representa dinheiro no seu bolso.

Para entender o impacto financeiro, vamos usar exemplos práticos: Maria ganha quatro mil reais por mês e trabalhou oito anos na empresa. Seu aviso prévio deveria ser de cinquenta e quatro dias, valendo aproximadamente sete mil e duzentos reais. Se a empresa pagar apenas os trinta dias básicos, está roubando dois mil e quatrocentos reais dela.

João ganha seis mil reais por mês e trabalhou quinze anos na empresa. Seu aviso prévio deveria ser de setenta e cinco dias, valendo quinze mil reais. Se receber apenas os trinta dias básicos, está sendo roubado em nove mil reais. É uma diferença que pode mudar completamente a situação financeira de uma pessoa durante o período de desemprego.

Aviso prévio trabalhado versus indenizado: qual é melhor para você

Uma das decisões mais importantes quando você é demitido é se o aviso prévio será trabalhado ou indenizado, e muitas empresas manipulam essa escolha para benefício próprio em detrimento dos seus direitos. Entender as diferenças entre essas modalidades pode significar a diferença entre receber o valor correto ou ser prejudicado financeiramente.

No aviso prévio trabalhado, você continua trabalhando normalmente durante o período do aviso, recebendo seu salário normal e tendo todos os direitos preservados. A vantagem é que você continua empregado por mais tempo, o que pode ser importante para quem está procurando outro emprego. A desvantagem é que você precisa continuar cumprindo suas obrigações trabalhistas.

No aviso prévio indenizado, a empresa paga o valor correspondente ao período sem que você precise trabalhar. Isso significa que você recebe o dinheiro imediatamente e fica livre para procurar outro emprego ou resolver questões pessoais. Além disso, o período do aviso prévio indenizado projeta o contrato para frente, o que significa que outras verbas como FGTS e férias são calculadas considerando esse período adicional.

A escolha entre trabalhado ou indenizado geralmente cabe à empresa quando ela demite você, mas existem situações onde você pode influenciar essa decisão ou onde a lei determina que deve ser indenizado. É importante conhecer seus direitos para não ser manipulado e para garantir que receba o que é melhor para sua situação específica.

As situações especiais que podem aumentar seu aviso prévio

Existem várias situações especiais que podem aumentar significativamente o valor do seu aviso prévio ou criar direitos adicionais que muitas empresas tentam esconder dos trabalhadores. Conhecer essas situações pode representar milhares de reais a mais na sua rescisão e pode transformar uma demissão comum em uma oportunidade financeira substancial.

A primeira situação especial é quando a empresa demite você durante suas férias ou logo após você voltar de férias. Nesse caso, além do aviso prévio normal, você pode ter direito a indenizações adicionais por danos morais, porque a demissão durante as férias é considerada uma prática abusiva que viola o direito ao descanso.

A segunda situação é quando você está afastado pelo INSS e a empresa tenta demiti-lo durante ou logo após o retorno do afastamento. Dependendo do motivo do afastamento, isso pode configurar dispensa discriminatória, que gera direito a indenização dobrada além do aviso prévio normal. É uma proteção legal importante para trabalhadores que ficam doentes ou sofrem acidentes.

A terceira situação é quando a empresa não cumpre corretamente o aviso prévio trabalhado, exigindo que você trabalhe além do horário normal, negando suas férias durante o período ou criando condições abusivas de trabalho. Nessas situações, você pode ter direito a converter o aviso prévio trabalhado em indenizado, além de possíveis indenizações por danos morais.

Como calcular exatamente quanto você tem direito

Para calcular corretamente quanto você tem direito a receber de aviso prévio, você precisa primeiro determinar exatamente quantos anos completos trabalhou na empresa. Considere apenas anos completos - se você trabalhou cinco anos e oito meses, conta apenas os cinco anos para o cálculo do aviso prévio proporcional.

A fórmula é simples: trinta dias básicos mais três dias para cada ano completo trabalhado, limitado a noventa dias máximos. Se você trabalhou dois anos, tem direito a trinta e seis dias. Se trabalhou dez anos, tem direito a sessenta dias. Se trabalhou vinte anos ou mais, tem direito aos noventa dias máximos.

Para calcular o valor em dinheiro, divida seu salário mensal por trinta e multiplique pelo número de dias de aviso prévio que você tem direito. Se você ganha três mil reais por mês e tem direito a sessenta dias de aviso prévio, o valor será de seis mil reais. Lembre-se de que esse cálculo deve considerar seu salário integral, incluindo horas extras habituais, comissões e outros adicionais.

Use nossa calculadora trabalhista gratuita para ter uma estimativa precisa do seu aviso prévio proporcional e outras verbas rescisórias. Essa ferramenta considera todas as variáveis legais e pode ajudar você a identificar se está sendo prejudicado pela empresa.

O que fazer quando a empresa calcula errado seu aviso prévio

Quando você descobre que sua empresa calculou incorretamente seu aviso prévio, é fundamental agir rapidamente para corrigir o erro e receber a diferença devida. O primeiro passo é reunir toda a documentação que comprove seu tempo de serviço: carteira de trabalho, holerites, contratos e qualquer documento que mostre quando você começou a trabalhar na empresa.

O segundo passo é fazer o cálculo correto do seu aviso prévio proporcional e comparar com o valor que a empresa pagou. Se há diferença, você tem direito a receber o valor correto com juros e correção monetária desde a data em que deveria ter sido pago. Essa diferença pode representar milhares de reais, especialmente para trabalhadores com muito tempo de serviço.

O terceiro passo é procurar a empresa para tentar resolver a questão administrativamente. Apresente seus cálculos e documentos, explique o erro e solicite o pagamento da diferença. Muitas empresas preferem resolver essas questões fora da Justiça para evitar custos maiores e exposição negativa.

Se a empresa se recusar a corrigir o erro ou oferecer um valor muito abaixo do devido, você pode procurar o sindicato da sua categoria para tentar uma mediação ou partir diretamente para uma ação na Justiça do Trabalho. Processos envolvendo aviso prévio calculado incorretamente têm alta probabilidade de sucesso quando bem documentados.

A Justiça do Trabalho é muito rigorosa com empresas que calculam incorretamente o aviso prévio, porque esse é um direito básico que não admite interpretações duvidosas. Além da diferença devida, você pode ter direito a indenização por danos morais se ficar comprovado que a empresa agiu de má-fé ou se o erro causou prejuízos significativos.

Perguntas Frequentes

Tire suas principais dúvidas sobre salário menor que o mínimo e seus direitos trabalhistas


O cálculo é: 30 dias básicos + 3 dias para cada ano completo trabalhado, limitado a 90 dias máximos. Por exemplo, se você trabalhou 8 anos completos, tem direito a 54 dias de aviso prévio (30 + 24). Se trabalhou 20 anos ou mais, tem direito aos 90 dias máximos. Considere apenas anos completos - se trabalhou 5 anos e 8 meses, conta apenas os 5 anos. Use sua carteira de trabalho para calcular o tempo exato de serviço e não aceite que a empresa pague apenas os 30 dias básicos se você tem direito a mais.

Quando a empresa demite você sem justa causa, geralmente ela pode escolher se o aviso prévio será trabalhado ou indenizado. No entanto, existem situações onde a lei determina que deve ser indenizado, como quando você está de férias ou afastado pelo INSS. Se você pede demissão, normalmente deve dar aviso prévio trabalhado, mas pode negociar com a empresa para converter em indenização. A escolha da modalidade pode afetar significativamente o valor final que você recebe, então é importante entender as implicações de cada opção.

Sim, o aviso prévio proporcional também se aplica quando você pede demissão. A diferença é que quando você pede demissão, normalmente deve trabalhar o período do aviso prévio, enquanto quando é demitido, a empresa pode escolher indenizar. Se você pede demissão e não cumpre o aviso prévio, a empresa pode descontar o valor correspondente das suas verbas rescisórias. Por isso, é importante negociar com a empresa ou cumprir corretamente o período para não perder dinheiro na rescisão.

Você tem até cinco anos após o término do contrato de trabalho para entrar com ação na Justiça do Trabalho cobrando diferenças de aviso prévio. Durante o contrato, não há prazo prescricional. No entanto, é sempre recomendável agir rapidamente para facilitar a coleta de evidências e evitar que outros direitos sejam violados. Se você descobrir o erro logo após a rescisão, tente resolver primeiro administrativamente com a empresa antes de partir para a Justiça.

Sim, o aviso prévio indenizado projeta o contrato de trabalho para frente, o que significa que outras verbas rescisórias como FGTS, férias proporcionais e 13º salário devem ser calculadas considerando o período do aviso prévio. Por exemplo, se você tem direito a 60 dias de aviso prévio indenizado, esses dois meses devem ser considerados para calcular suas férias proporcionais e 13º salário. Isso pode aumentar significativamente o valor total da sua rescisão, especialmente se você tem direito a um aviso prévio longo.

Durante o aviso prévio trabalhado, você mantém todos os direitos de um empregado normal, incluindo estabilidade contra demissão por justa causa, exceto em casos graves. Se a empresa tentar demiti-lo por justa causa durante o aviso prévio sem motivo real, isso pode configurar abuso de direito e gerar indenização adicional. Você também tem direito a procurar outro emprego durante o aviso prévio trabalhado, e se conseguir uma nova colocação, pode negociar com a empresa para encerrar o aviso prévio antecipadamente.

Se a empresa não pagar o aviso prévio ou pagar valor menor que o devido, você pode cobrar a diferença na Justiça do Trabalho com juros e correção monetária. Além disso, o não pagamento do aviso prévio pode gerar multa equivalente ao seu salário, conforme previsto no artigo 477 da CLT. Em casos de má-fé comprovada, você também pode ter direito a indenização por danos morais. A empresa que não paga corretamente o aviso prévio está violando um direito básico do trabalhador e pode ser severamente punida pela Justiça.

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