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Equiparação salarial: Como descobrir se você ganha menos que colegas e receber diferenças retroativas

Equipe Trabalho Justo

13 de maio de 2025

10 min de leitura


Você suspeita que ganha menos que colegas fazendo o mesmo trabalho? A equiparação salarial é um direito constitucional que pode colocar milhares de reais no seu bolso através de diferenças retroativas que muitas empresas tentam esconder. Milhões de trabalhadores brasileiros estão sendo vítimas de discriminação salarial sistemática, perdendo dinheiro todos os meses simplesmente porque não sabem que têm direito a receber o mesmo salário de colegas que fazem trabalho idêntico.

A realidade é chocante: empresas de todos os tamanhos praticam discriminação salarial achando que ninguém vai descobrir, mas quando você comprova que faz o mesmo trabalho que um colega que ganha mais, pode receber até cinco anos de diferenças retroativas com reflexos em décimo terceiro, férias e FGTS. Estamos falando de valores que podem facilmente chegar a cinquenta mil reais ou mais, dependendo da diferença salarial e do tempo que durou a discriminação.

A estratégia empresarial para manter discriminação salarial

Existe uma estratégia muito bem calculada que empresas desonestas utilizam para manter diferenças salariais injustas entre funcionários que fazem o mesmo trabalho. Elas contam com o sigilo salarial, com a falta de comunicação entre os funcionários e com o desconhecimento sobre direitos trabalhistas para perpetuar discriminações que economizam milhares de reais mensais às custas dos trabalhadores prejudicados.

A primeira tática é criar uma cultura de sigilo absoluto sobre salários, fazendo os funcionários acreditarem que é proibido ou inadequado conversar sobre remuneração. Muitas empresas chegam ao ponto de incluir cláusulas contratuais proibindo a divulgação de salários, quando na verdade essa informação é fundamental para identificar discriminações e garantir isonomia salarial.

A segunda tática é justificar diferenças salariais através de critérios subjetivos e não mensuráveis, como "perfil comportamental", "fit cultural" ou "potencial de crescimento". Esses critérios vagos permitem que a empresa pague salários diferentes para pessoas que fazem exatamente o mesmo trabalho, mascarando discriminações baseadas em gênero, idade, raça ou outros fatores ilegais.

A terceira tática é fragmentar funções idênticas em cargos com nomes diferentes, criando uma aparência de hierarquia onde na verdade existe trabalho de igual valor. Por exemplo, criar os cargos de "Analista Júnior", "Analista Pleno" e "Analista Sênior" para pessoas que fazem as mesmas atividades, justificando diferenças salariais através de títulos que não refletem a realidade do trabalho executado.

Como identificar se você tem direito à equiparação salarial

Identificar se você tem direito à equiparação salarial é mais simples do que muitas empresas querem fazer você acreditar. A legislação brasileira estabelece critérios muito claros que devem ser atendidos para caracterizar trabalho de igual valor, e se você atende a esses requisitos, tem direito a receber o mesmo salário do colega que ganha mais, além das diferenças retroativas.

O primeiro requisito é trabalhar na mesma empresa e na mesma localidade que o colega usado como parâmetro. Isso significa que você não pode usar como comparação funcionários de outras empresas ou de filiais em outras cidades, mas pode usar qualquer colega da mesma empresa que trabalhe no mesmo município, independentemente de ser da mesma unidade ou departamento.

O segundo requisito é exercer trabalho de igual valor, que significa funções idênticas ou substancialmente similares em complexidade, responsabilidade e importância para a empresa. Não importa se os cargos têm nomes diferentes - o que vale é o trabalho efetivamente realizado. Se você e seu colega fazem as mesmas atividades, atendem os mesmos clientes, têm as mesmas responsabilidades e produzem os mesmos resultados, vocês fazem trabalho de igual valor.

O terceiro requisito é que a diferença de tempo na mesma função não seja superior a quatro anos. Se você tem dois anos na função e seu colega tem seis anos, a diferença de quatro anos pode justificar alguma diferença salarial, mas não diferenças desproporcionais. Além disso, tempo de casa em outras funções não conta - apenas o tempo na função específica que está sendo comparada.

O quarto requisito é produtividade equivalente, que significa que você deve ter desempenho similar ao do colega usado como parâmetro. Isso não significa que vocês precisam ter exatamente os mesmos números, mas que não há diferença significativa de produtividade que justifique diferença salarial substancial.

O cálculo milionário das diferenças retroativas

Quando você comprova que tem direito à equiparação salarial, o cálculo das diferenças retroativas pode resultar em valores surpreendentemente altos que vão muito além da simples diferença mensal multiplicada pelo tempo trabalhado. A equiparação salarial gera reflexos em todas as outras verbas trabalhistas, criando um efeito cascata que pode dobrar ou triplicar o valor final que você tem direito a receber.

O primeiro componente é a diferença salarial básica, que é calculada multiplicando a diferença mensal pelo número de meses trabalhados com salário inferior. Se você ganha quatro mil reais e seu colega ganha cinco mil e quinhentos reais fazendo o mesmo trabalho, você tem direito a receber mil e quinhentos reais mensais de diferença retroativa por todo o período em que trabalhou com salário menor.

O segundo componente são os reflexos no décimo terceiro salário, porque se você deveria estar ganhando mais, seu décimo terceiro também deveria ser calculado sobre o valor maior. Isso significa que para cada ano de diferença salarial, você também tem direito à diferença proporcional no décimo terceiro, que pode representar centenas ou milhares de reais adicionais.

O terceiro componente são os reflexos nas férias com terço constitucional, porque suas férias deveriam ter sido calculadas sobre o salário correto, não sobre o valor menor que você estava recebendo. Cada período de férias gera direito à diferença sobre o valor das férias mais o terço constitucional, aumentando significativamente o montante total.

O quarto componente são os reflexos no FGTS, porque os depósitos mensais deveriam ter sido feitos sobre o salário correto. Além da diferença nos depósitos, você também tem direito aos juros e correção monetária que esses valores teriam rendido se tivessem sido depositados corretamente desde o início.

Para entender a dimensão do dinheiro envolvido, vamos usar um exemplo prático: Maria trabalha como analista e ganha quatro mil reais mensais, mas descobriu que João, que faz exatamente o mesmo trabalho, ganha seis mil reais. Durante três anos, Maria perdeu dois mil reais mensais, totalizando setenta e dois mil reais só da diferença básica. Considerando reflexos em décimo terceiro, férias e FGTS, o valor total pode chegar a noventa mil reais ou mais.

Como comprovar que você faz trabalho de igual valor

Comprovar que você faz trabalho de igual valor ao colega que ganha mais é fundamental para ter sucesso em uma ação de equiparação salarial, e existem várias formas de reunir evidências sólidas que demonstrem a similaridade das funções exercidas. Quanto mais evidências você conseguir reunir, maior será sua chance de sucesso e maior poderá ser o valor da indenização.

A evidência mais importante são as descrições de cargo oficiais da empresa, que muitas vezes mostram que funcionários com salários diferentes têm exatamente as mesmas atribuições e responsabilidades. Se a empresa não tem descrições de cargo formais ou se elas não refletem a realidade do trabalho executado, isso pode ser usado a seu favor para demonstrar que a diferenciação salarial não tem base técnica.

Documentos como e-mails, relatórios, apresentações e outros materiais de trabalho podem comprovar que você e seu colega executam as mesmas atividades, atendem os mesmos clientes, participam das mesmas reuniões e têm as mesmas responsabilidades. Organize esses documentos cronologicamente para mostrar que a similaridade das funções não é eventual, mas sistemática.

Testemunhas são evidências valiosas em processos de equiparação salarial. Colegas de trabalho, supervisores, clientes, fornecedores ou qualquer pessoa que possa confirmar que você e seu colega fazem trabalho similar podem servir como testemunhas. É importante identificar pessoas dispostas a falar a verdade, mesmo que isso possa gerar algum constrangimento no ambiente de trabalho.

Avaliações de desempenho, metas atingidas, resultados obtidos e qualquer outro indicador de produtividade podem comprovar que você tem desempenho equivalente ou superior ao colega que ganha mais. Se você tem resultados melhores mas ganha menos, isso fortalece ainda mais seu caso de equiparação salarial.

Como transformar discriminação em compensação financeira

Quando você identifica que está sendo vítima de discriminação salarial e reúne evidências suficientes para comprovar que faz trabalho de igual valor a um colega que ganha mais, é hora de agir estrategicamente para transformar essa violação em compensação financeira justa. O processo pode ser feito administrativamente ou judicialmente, dependendo da receptividade da empresa.

O primeiro passo é calcular exatamente quanto a empresa te deve, considerando não apenas a diferença salarial básica, mas também todos os reflexos em outras verbas trabalhistas. Esse cálculo preciso será fundamental para negociar com a empresa ou para fundamentar uma ação judicial. Use nossa calculadora trabalhista gratuita para ter uma estimativa dos valores envolvidos.

O segundo passo é tentar resolver a questão administrativamente, procurando o departamento de recursos humanos ou a direção da empresa para apresentar seu caso e solicitar a correção da diferença salarial. Apresente suas evidências de forma organizada e profissional, explicando claramente por que você acredita ter direito à equiparação.

Se a empresa reconhecer a procedência do seu pedido, negocie não apenas a correção do salário para o futuro, mas também o pagamento retroativo das diferenças não pagas, incluindo reflexos em décimo terceiro, férias e FGTS. Formalize qualquer acordo por escrito para evitar problemas futuros.

Se a empresa se recusar a reconhecer seu direito ou oferecer uma proposta muito abaixo do que você considera justo, você pode procurar o sindicato da sua categoria para tentar uma mediação ou partir diretamente para uma ação na Justiça do Trabalho.

A Justiça do Trabalho tem jurisprudência consolidada sobre equiparação salarial e costuma ser favorável aos trabalhadores quando há evidências sólidas de discriminação. Processos bem fundamentados têm alta probabilidade de sucesso e podem resultar em indenizações substanciais.

Além da diferença salarial retroativa, você também pode ter direito a indenização por danos morais se ficar comprovado que a discriminação foi intencional ou causou prejuízos significativos à sua dignidade e autoestima. Essas indenizações podem variar de cinco mil a vinte mil reais, dependendo da gravidade do caso.

Lembre-se de que você tem até dois anos após o término do contrato para reclamar equiparação salarial, mas pode cobrar diferenças dos últimos cinco anos. Durante o contrato, não há prazo prescricional, mas é sempre melhor agir rapidamente para evitar que mais dinheiro seja perdido e para facilitar a coleta de evidências.

Perguntas Frequentes

Tire suas principais dúvidas sobre salário menor que o mínimo e seus direitos trabalhistas


Você tem direito à equiparação salarial se trabalha na mesma empresa, na mesma cidade, fazendo trabalho de igual valor a um colega que ganha mais, com diferença de tempo na função não superior a 4 anos e produtividade equivalente. O trabalho de igual valor significa funções idênticas ou substancialmente similares em complexidade e responsabilidade. Diferenças salariais superiores a 20% entre pessoas que fazem o mesmo trabalho são um forte indicativo de discriminação. Se você atende a esses requisitos, pode processar a empresa para receber a diferença retroativa com reflexos em 13º, férias e FGTS.

O valor depende da diferença salarial mensal e do tempo que durou a discriminação, mas não é raro receber entre R$ 20.000 e R$ 50.000 em casos bem fundamentados. Por exemplo, se a diferença é R$ 800 mensais por 3 anos, você pode receber cerca de R$ 35.000 considerando reflexos em 13º, férias, FGTS, juros e correção monetária. Além disso, pode haver indenização por danos morais de R$ 5.000 a R$ 20.000. Casos com diferenças salariais maiores ou períodos mais longos podem resultar em valores ainda maiores.

Não, você pode processar sua empresa atual por equiparação salarial sem que isso configure justa causa para demissão. A lei protege o trabalhador que busca seus direitos legítimos, e demitir alguém por ter processado a empresa pode configurar dispensa discriminatória, gerando direito a indenização ainda maior. No entanto, esteja preparado para possíveis retaliações indiretas e tenha evidências bem documentadas. Muitos trabalhadores preferem aguardar uma oportunidade melhor ou o término do contrato, mas isso é uma escolha pessoal baseada na situação específica.

Reúna evidências como descrições de cargo oficiais idênticas ou similares, e-mails mostrando que executam as mesmas tarefas, organogramas que mostrem posições equivalentes, testemunhas que conhecem o trabalho de ambos, avaliações de desempenho comparáveis, e qualquer documento que demonstre similaridade nas funções e responsabilidades. Holerites de ambos são fundamentais para mostrar a diferença salarial. Quanto mais evidências você tiver, maior a chance de sucesso. A empresa terá que provar que existe justificativa técnica para a diferença salarial.

Você tem até 2 anos após o término do contrato de trabalho para entrar com ação de equiparação salarial na Justiça do Trabalho. Durante o contrato, não há prazo prescricional, mas a ação só pode cobrar os últimos 5 anos de diferenças salariais. É recomendável agir rapidamente para evitar perder mais dinheiro e para facilitar a coleta de evidências e testemunhas. Quanto mais tempo passar, mais difícil pode ser comprovar as similaridades nas funções e reunir documentos que comprovem a discriminação.

Diferenças de tempo na mesma função superiores a 4 anos podem justificar diferenças salariais, mas apenas até certo limite. Se você tem 2 anos na função e seu colega tem 6 anos, a diferença de tempo pode justificar alguma diferença salarial, mas não diferenças desproporcionais. Além disso, tempo de casa em outras funções não justifica diferença salarial na função atual. A empresa deve comprovar que a experiência adicional realmente agrega valor ao trabalho. Diferenças salariais muito grandes (acima de 30-40%) raramente são justificadas apenas pelo tempo de experiência.

Não, a equiparação salarial só é possível entre funcionários da mesma empresa na mesma localidade (mesmo município). Você não pode usar como parâmetro colegas de filiais em outras cidades, mesmo que façam exatamente o mesmo trabalho. No entanto, se a empresa tem múltiplas unidades na mesma cidade, pode ser possível fazer equiparação entre funcionários de unidades diferentes. O importante é que seja o mesmo empregador (mesma empresa ou grupo empresarial) e a mesma localidade geográfica.

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